Cinco medidas que poderiam evitar ou minimizar o incêndio do Museu Nacional
Os motivos para o incêndio que destruiu, no último dia 2 de setembro, parte significativa do acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, serão apurados e amplamente debatidos pelo meio técnico e por toda a sociedade brasileira.
Mas o que poderia ter sido feito para evitar uma ocorrência com perdas materiais tão relevantes? E mais: o que pode ser feito para que episódios assim não se repitam mais? Há respostas técnicas e de gestão. O Blog do EstudeAE levantou cinco tópicos. O que você teria a acrescentar?
1. Tecnologias de proteção passiva
Não faltam tecnologias para evitar tamanho prejuízo. Os sistemas de proteção passiva contra incêndio são soluções incorporadas ao sistema construtivo de uma edificação para que o fogo não se propague tanto e seja retardado ao máximo. São desenvolvidos com o objetivo de compartimentar o foco do incêndio no local de origem e não comprometer a estrutura da edificação como um todo. A ideia é permitir mais tempo para a evacuação das pessoas e menor impacto em imóveis e equipamentos. Pela velocidade de propagação das chamas e a destruição causada, parece pouco provável que os sistemas de proteção passiva fossem eficientes nas dependências do Museu Nacional.
2. Plano Geral de Emergência
Será que o Museu Nacional dispunha de um Plano Geral de Emergência, capaz de identificar seus respectivos riscos e disparar uma sequência de ações no caso de incêndio? Difícil de acreditar que uma edificação com tamanha importância para a cultura e a ciência nacional ignorasse normas e controles para a proteção da vida humana, do meio ambiente e do patrimônio, sem padrões mínimos de prevenção e proteção. É preciso desenvolver o plano, fixar as competências de cada um e cobrar as atribuições dos órgãos encarregados pela fiscalização, permitindo a atuação integrada de todos os envolvidos.
3. Parcerias com a iniciativa privada
O problema da falta de recursos para a manutenção do patrimônio público é crônico no Brasil. No caso dos museus, entretanto, há soluções em parceria com a iniciativa privada. Para ficar em um único exemplo, vale mencionar o Museu do Amanhã, que foi inaugurado no Rio de Janeiro em 2015 e recebe mais de um milhão de pessoas por ano. Virou ponto turístico e já se tornou o mais visitado do País. Pense na qualidade do acervo do Museu Nacional. Será que uma ou mais parcerias bem amarradas com a iniciativa privada não levariam multidões e, portanto, mais recursos para cuidar de forma adequada desse patrimônio?
4. Associação de amigos e programas de fidelização
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) possui um programa de fidelização interessante, que tem como objetivo arrecadar recursos para a instituição. Em contrapartida, oferece vários benefícios aos participantes: tíquetes gratuitos e sem filas, descontos na loja e no restaurante e até visitas orientadas especiais às exposições. A adesão pode ser feita no site ou de forma presencial. A contribuição anual varia de R$ 80 a R$ 270 e esses valores podem ser parcelados em até 12x sem juros. O participante torna-se Amigo MASP e recebe um cartão para acesso ao museu e demais benefícios. A Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN) existe desde 1937 e poderia levar adiante uma iniciativa assim.
5. Ciência e cultura como prioridades governamentais
Não existe país desenvolvido no mundo que tenha deixado a cultura e a ciência em segundo plano. O acervo do Museu Nacional possui mais de 20 milhões de itens, incluindo fósseis, múmias egípcias, artefatos históricos, um meteorito encontrado na Bahia em 1794, e coleções raras sobre antropologia, etnologia biológica e paleontologia. Não zelar por isso ou promover cortes orçamentários que colocam em risco esse patrimônio são provas de ignorância e desprezo da sociedade brasileira em relação à própria história e da humanidade como um todo. Não falta dinheiro. Falta saber aplicá-lo no lugar certo, sem favorecimentos e privilégios.